Barragem secando Valinhos admite ampliar racionamento

Barragem secando Valinhos admite ampliar racionamento. A histórica barragem João Antunes dos Santos, responsável por 25% do abastecimento de Valinhos, está secando. O nível da água ocupa apenas 10% de sua capacidade e, sem chuva suficiente nos córregos Iguatemi e Bom Jardim, a cada dia vai baixando mais. Desde que foi idealizada por D. Pedro II para garantir o abastecimento de Campinas, com uma reserva de 34 mil metros cúbicos, nunca ficou tão seca.

O presidente do Departamento de Água e Esgoto de Valinhos (Daev), Luiz Mayr Neto, disse que já poderia ter alterado ou interrompido o rodízio desde 20 de março, quando as chuvas levaram a uma melhora sensível no nível das barragens. “A gente não tem como saber como será abril e decidimos manter a restrição no fornecimento porque a população aderiu à campanha de uso racional de água desde o primeiro dia, em 7 de fevereiro” , disse. Como a estiagem continua, a ampliação do racionamento voltou à pauta do Daev, que poderá restringir o fornecimento três por semana.

Apesar da resistência de algumas pessoas, que foram denunciadas por desperdiçar água, as reclamações diminuíram e o consumo segue nos mesmos níveis de 20% de redução observados no início da operação, informou. “O rodízio foi uma forma justa de garantir o abastecimento para todos. As pessoas apoiam o racionamento também por saber quais dias da semana ficarão sem água, principalmente aquelas que residem nas regiões mais altas e distantes das estações de tratamento” , disse.

Vila da Rocinha

Quando entrou em operação, em 1891, a represa pertencia à Vila da Rocinha (atual Vinhedo) e marcou também o início do abastecimento das residências dos 16 mil habitantes de Campinas. Antes disso, os campineiros pegavam água nos chafarizes do Centro.

Quando começou a funcionar — depois de uma obra que levou 15 anos para ser concluída — a água era filtrada em filtros lentos de área e seguia por gravidade em tubos de aço de 15 polegadas de diâmetro para um reservatório de 3 mil metros cúbicos. Dali, dois setores se incumbiam da distribuição através de tubulações inglesas de ferro fundido até as residências.

O sistema de abastecimento, embora considerado modelo no País, em menos de 30 anos se tornou insuficiente e Campinas precisou buscar outra fonte de abastecimento, desta vez no Rio Atibaia, que hoje é o principal manancial da cidade.

Outras captações

Embora em terras de Vinhedo, a barragem foi comprada por Valinhos em 1955, depois de um embate judicial decidido pelo Supremo Tribunal Federal. Essa barragem é composta por quatro lagoas que recebem água dos córregos Iguatemi e Bom Jardim. Como Vinhedo também se abastece do Bom Jardim, está havendo redução significativa do volume de água que chega a represa.

Além dessa represa, Valinhos capta água no Rio Atibaia para atender 50% da população e em outras três represas. As chuvas dos últimos dias melhoraram o nível de armazenamento da barragem das Figueiras que estava operando ontem com 90% da capacidade; a de Santana do Cuiabano com 100% da capacidade e a Moinho Velho com 75%. A Santa de Cuiabano é uma reserva estratégica, para ser usada quando os outros mananciais ficam com baixo volume.
Valinhos faz a lição de casa e dá exemplo no uso da água

O Consórcio Intermunicipal das Bacias PCJ defende a imediata redução do consumo de água pela população, estimulada por campanhas maciças ou por cortes no fornecimento, para que as cidades que necessitam da água do Sistema Cantareira, caso da região de Campinas e da Grande São Paulo, possam atravessar a estiagem que já começa com o sistema operando em apenas 13,03% da capacidade.

Para o consórcio, um dos bons exemplos de uso racional da água está sendo dado por Valinhos, onde os moradores, duas vezes por semana, ficam sem água entre 10h e 4h do dia seguinte. A cidade já estuda ampliar o racionamento a partir deste mês.

A água que foi economizada desde o início da restrição daria para abastecer Campinas por dois dias ou Valinhos por 16 dias. Nos 53 dias de rodízio, a população poupou 20% da água. “Valinhos está fazendo a lição de casa”, disse o secretário-executivo do Consórcio PCJ, Francisco Carlos Lahoz, que cita também Vinhedo, Cosmópolis e Santo Antônio de Posse como exemplos de ações a serem seguidas.

O racionamento tem apoio na cidade, como dos cabeleireiros Donizete Bueno e Andreza Bueno, que mesmo ficando dois dias da semana sem fornecimento, dizem não sentir a restrição. “A gente se programa, faz economia e sobrevive muito bem. Eu apoio o rodízio porque é preciso garantir água para todo mundo na estiagem”, disse Andreza. A comerciante Terezinha Caloi da Silva também apoia. “Sempre fiz economia. Uso água da máquina de roupa para lavar o quintal, fecho o chuveiro enquanto me ensaboo. Agora com o racionamento continuo e nem estou sentindo que tem rodízio”, disse.

Entre as cidades que adotaram restrição de abastecimento, Valinhos é a que está com menor disponibilidade de água por causa da estiagem. Santo Antônio de Posse, com 21,9 mil habitantes, passou a cortar o fornecimento entre 7h e 16h, por causa da baixa vazão do Rio Camanducaia e do Córrego Benfica, responsáveis pelo abastecimento da cidade.

Em Vinhedo, que é abastecida por 36 reservatórios, o fornecimento vem sendo interrompido toda vez que há aumento de consumo. A empresa de abastecimento, a Saneamento Básico Vinhedo (Sanebavi) está fazendo o monitoramento do consumo da população e cortando o fornecimento por três a quatro horas nas regiões onde há aumento de uso da água. Cosmópolis interrompe o fornecimento de água das 22h às 7h, intercalando diariamente as duas áreas em que a cidade foi dividida.

“Essas cidades estão fazendo, desde fevereiro, o que todas já deveriam ter adotado. Ou reduzimos o consumo, ou em pouco tempo não haverá água para ninguém”, disse Lahoz. Cenários traçados pelo grupo de assessoramento aos gestores do Cantareira, o Gtag-Cantareira, mostram que o volume morto do sistema poderá ter que ser usado já a partir de meados de julho se ocorrem chuvas abaixo dos volumes mínimos históricos. Se ficar na média, essa água que só consegue ser retirada com bombas, começará a ser usada em setembro.

O presidente do Departamento de Água e Esgoto de Valinhos, Luiz Mayr Neto, disse que já poderia ter alterado ou interrompido o rodízio desde 20 de março, quando as chuvas levaram a uma melhora sensível no nível das barragens. “A gente não tem como saber como será abril e decidimos manter a restrição no fornecimento porque a população aderiu à campanha de uso racional de água desde o primeiro dia, em 7 de fevereiro”, disse.

Como a estiagem continua, a ampliação do racionamento voltou à pauta do Daev, que poderá restringir o fornecimento três por semana.

Apesar da resistência de algumas pessoas, que foram denunciadas por desperdiçar água, as reclamações diminuíram e o consumo segue nos mesmos níveis de 20% de redução observados no início da operação, informou. “O rodízio foi uma forma justa de garantir o abastecimento para todos. As pessoas apoiam também por saber quais dias da semana ficarão sem água, principalmente aquelas que residem nas regiões mais altas e distantes das estações de tratamento”, disse.

Fonte: Correio Popular